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Exame Informática | A próxima missão para a Inteligência Artificial? Fazer cerveja

Exame Informática | A próxima missão para a Inteligência Artificial? Fazer cerveja

Usando uma base de dados com os elementos químicos de centenas de cervejas, a opinião de especialistas e dos consumidores, um algoritmo chamado Gradient Boosting conseguiu prever que combinação de ingredientes resulta numa cerveja melhor para os consumidores

“Prever e melhorar o sabor complexo da cerveja através de aprendizagem automática”. É este o título de um artigo científico publicado na Nature Communications sobre os potenciais benefícios de usar Inteligência Artificial (IA) na criação de melhores cervejas – ou que pelo menos estão mais alinhadas com os gostos dos consumidores.

Durante cinco anos, um grupo de investigadores analisou 250 cervejas vendidas ao grande público, medindo as suas propriedades químicas e os compostos de sabor. Estes dados foram depois combinados com a análise feita por provadores profissionais de cerveja, aos quais foram ainda acrescentados dados de mais de 180 mil análises feitas por consumidores na plataforma RateBeer, em elementos como sabor, aparência, aroma e qualidade global.

Este conjunto de dados foi depois usado para treinar dez modelos de aprendizagem automática com o intuito de prever qual o sabor, cheiro e textura na boca, assim como a nota provável que um consumidor daria a determinada cerveja. Um desses modelos destacou-se – o Gradient Boosting conseguiu prever com maior exatidão a nota que um utilizador final daria a uma cerveja do que os especialistas humanos.

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Além disso, foi possível identificar compostos específicos que fazem aumentar o gosto dos utilizadores por uma cerveja. Um destes casos é o ácido lático, que ajuda a dar às cervejas um sabor mais ‘fresco’, explica a publicação MIT Technology Review.

Os investigadores do Centro de Microbiologia de Leuven, responsáveis pelo estudo, fizeram mesmo essa experiência – pegaram em componentes identificados e adicionaram-nos às cervejas. “E para nosso espanto, assim que fizemos os testes cegos, as cervejas tornam-se melhores, eram geralmente mais apreciadas”, sublinha o investigador Kevin Verstrepen.

Além de ajudar os fabricantes a conseguirem produzir cervejas mais ‘otimizadas’ em função de um determinado público-alvo, e além de ter o potencial de reduzir o tempo de criação de novas cervejas, ao baixar o tempo necessário na afinação do produto e na fase de provas, uma das grandes áreas nas quais o uso de Inteligência Artificial poderá ter um grande impacto é no mundo das cervejas… sem álcool. Tipicamente, o sabor diferente do das cervejas com álcool é um dos motivos que mantém os consumidores mais afastados desta categoria de bebidas, mas será agora possível adicionar ingredientes específicos que tornem as cervejas mais saborosas para os utilizadores.

“O nosso estudo revela como os grandes volumes de dados e a aprendizagem automática descobrem ligações complexas entre a química alimentar, o sabor e a perceção do consumidor, e estabelece as bases para desenvolver alimentos novos e personalizados com sabores superiores”, sublinham os investigadores no estudo publicado.

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