visao.ptRUI BARROSO - 16 abr. 18:30

Exame | Fed e BCE em direções opostas?

Exame | Fed e BCE em direções opostas?

A expectativa de alívio da restritividade monetária pelo BCE levanta, contudo, alguns potenciais problemas. Esta divergência de expectativas entre o Fed e o BCE favorece a depreciação do euro (a divisa europeia perdeu já quase 4% face ao dólar desde o início de 2024). E esta depreciação tende a alimentar pressões inflacionistas na Zona Euro, sobretudo no contexto de subida do preço do petróleo

Os indicadores de actividade mais recentes têm sido consistentes com um cenário de soft landing na economia global, i.e. de uma desaceleração, mas sem recessão. Para este quadro contribui a persistência de taxas de desemprego baixas, a expectativa de descida da inflação, a existência de poupanças excedentárias em suporte do consumo das famílias e uma evolução favorável dos resultados das empresas e dos bancos, que apresentam balanços relativamente fortes. Nos EU (dados os actuais riscos geopolíticos). Uma divisa mais fraca torna as importações mais caras e alimenta a inflação. E a inflação gerada por via da depreciação cambial tende, historicamente, a ser mais persistente do que a gerada, por exemplo, por choques da oferta. Isto poderia vir a criar um problema para o BCE. A Presidente Lagarde defendeu já que o BCE não é Fed dependent, devendo ter em conta a inflação e a conjuntura da Zona Euro, que são diferentes das observadas nos EUA. Mas ela referiu também que, nas suas decisões, o BCE tem em conta a conjuntura global. Será difícil ver uma divergência significativa e prolongada das políticas monetárias do BCE e do Fed. Algo terá que ceder.

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