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Visão | FC Porto: Seis perguntas essenciais e as respostas de André Villas-Boas

Visão | FC Porto: Seis perguntas essenciais e as respostas de André Villas-Boas

Menos de duas semanas antes das eleições para escolher quem vai comandar os destinos do FC Porto nos próximos quatro anos, André Villas-Boas, que acaba de ser eleito para a presidência do clube, respondeu a seis perguntas da VISÃO

Se for eleito, quais serão as três primeiras medidas que gostaria de anunciar?

Destaco três medidas estruturantes a que a minha direção se vai dedicar desde o primeiro dia, projetadas para fortalecer a estrutura e a sustentabilidade do clube. Primeiro, estabelecer uma direção desportiva de elite, que será o coração da sustentabilidade do clube, responsável por um programa de scouting rigoroso que irá procurar talentos em todos os níveis, da equipa sénior à formação. Em segundo lugar, um forte foco na estabilidade financeira. Dada a nossa situação atual, com um passivo superior a 500 milhões de euros e dívidas financeiras superiores a 300 milhões, além de prejuízos operacionais anuais significativos nos últimos 12 anos, é urgente uma gestão financeira rigorosa. Teremos de desenvolver estratégias específicas para otimizar recursos, reduzir dívidas e aumentar receitas. Por último, é obrigatório fortalecer o associativismo e a ligação com os nossos adeptos. É essencial que intensifiquemos a comunicação e a ligação com os sócios para garantir que se sintam ouvidos e valorizados. Urge implementar iniciativas que aumentem a participação dos sócios nas decisões e atividades do clube, reforçando o sentido de comunidade e pertença. Para mim, é triste e preocupante que 88% dos nossos sócios estejam concentrados apenas nos distritos de Porto, Braga e Aveiro. Vamos trabalhar para expandir este alcance.

Quais são os valores que, na sua opinião, devem distinguir o FC Porto aos olhos dos adeptos do desporto, independentemente da sua cor clubística?

Os valores que devem caracterizar o FC Porto são a transparência, a excelência, a paixão e a cultura de vitória. É essencial que o FC Porto seja transparente com os seus sócios e adeptos, que opere com total clareza em todas as suas ações e decisões. Depois, a excelência. No FC Porto, temos de ter o compromisso de alcançar a mais alta qualidade em todos os aspetos, desde o desempenho no campo até à gestão no dia a dia do clube. E a construção da minha equipa reflete essa busca de excelência. São pessoas com um trajeto profissional notável e inatacável. Além disso, a paixão pelo futebol e pelo desporto no seu todo é o coração deste clube. Uma paixão que é demonstrada em cada jogo e treino. Por último, a cultura de vitória que está no ADN do FC Porto. Cultivamos uma mentalidade vencedora que é central à nossa identidade.

Que caminho deve seguir o FC Porto para se afirmar numa Europa dominada pelas grandes ligas e pelo poder do dinheiro?

Não há outro caminho que não uma estratégia multifacetada, centrada na modernização, na sustentabilidade e na independência financeira. É fundamental sabermos equilibrar eficazmente a excelência desportiva com a saúde financeira. No plano desportivo, é fulcral avançarmos com um projeto de renovação das infraestruturas do FC Porto – seja ele através da nossa proposta do Centro de Alto Rendimento no Olival, seja estudando a viabilidade para a construção de uma Academia do FC Porto na Maia. Precisamos também de um scouting de nível de elite, capaz de identificar e desenvolver talentos antes dos outros clubes europeus. Também é crucial implementar um gabinete de performance de última geração. Em termos financeiros, a estratégia passa por instaurar uma gestão rigorosa e controlada, com especial foco no cumprimento das regras de fair play financeiro. Este controlo não só fortalecerá a nossa posição competitiva a nível internacional, como também garantirá a nossa autonomia e a capacidade de resistir a influências externas prejudiciais. Em resumo, é importante alinhar todas as operações do clube com uma visão estratégica de longo prazo, assegurando que o FC Porto não apenas regresse ao seu ADN de vitórias, mas que também se estabeleça como um modelo de gestão sustentável no futebol europeu.

Qual será a política de contratações e vendas da equipa profissional de futebol, tendo em conta a ambição desportiva e a gestão financeira?

A escolha de jogadores deve ser realizada com um critério extremamente rigoroso, valorizando não só o talento, mas também o compromisso e a identificação com os valores do clube. É impossível uma taxa de acerto a 100% nas contratações, reconheço e aceito isso, mas um clube de elite não pode acumular tantos erros naquele que é o seu “core”, a deteção de talento. Vamos implementar uma direção de scouting totalmente reformulada e mais eficaz, capaz de identificar, filtrar e selecionar talentos com maior rigor, através de um planeamento estratégico que abrange o curto, o médio e o longo prazo. Com esta abordagem, queremos que cada euro investido contribua para o futuro do clube, representando um verdadeiro investimento e não apenas um gasto. O nosso objetivo é captar imediatamente qualquer jogador de grande talento identificado, garantindo que o FC Porto continue a ser uma força dominante tanto no palco nacional como no internacional.

O que mais teme no futuro do clube se o seu adversário ganhar as eleições?

Existe um risco real de continuarmos a adotar uma gestão que já se mostrou ultrapassada e prejudicial para o FC Porto. Persistir em decisões que comprometem a nossa estabilidade financeira, a competitividade e que podem deteriorar a nossa reputação e os valores que defendemos é algo que não podemos aceitar. Um clube que não tem resultados desportivos terá sempre mais dificuldade em garantir a sua sustentabilidade enquanto instituição.

Se vencer a sua candidatura, como será a relação com os rivais Benfica e Sporting?

O FC Porto tem de ser encarado como um motor essencial na evolução e no fortalecimento do futebol português. Estarei empenhado em promover diálogos construtivos estratégicos com qualquer clube. Temos na Liga Centralização um bem comum, em que as rivalidades têm de entender qual o ativo de todos – a nossa Liga. Se formos incapazes de fazer isso, estamos no caminho errado. Tenho isto em mente, mas sempre com o interesse do FC Porto em primeiro lugar, garantindo que lideramos o caminho para a criação de um produto de liga superior e mais competitivo.

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