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Análise FC Porto-Sporting (2-2): Minuto devastador de Gyokeres estragou exibição quase perfeita dos dragões

Análise FC Porto-Sporting (2-2): Minuto devastador de Gyokeres estragou exibição quase perfeita dos dragões

Avançado sueco bisou muito perto dos 90 minutos e estragou o primeiro jogo de André Villas-Boas após ser eleito presidente dos dragões. Pinto da Costa foi homenageado após ...

O futebol tem tanto de espetacular como de imprevisível e é preciso concentração máxima até ao apito final. O encontro entre FC Porto e Sporting foi prova disso, uma vez que Gyokeres bisou entre os 87 e os 88 minutos, sentenciando um empate com sabor amargo para os dragões e provando que o emblema leonino está mesmo com estrela de campeão.

Tudo isto, numa das partidas mais simbólicas da história do FC Porto, não pela relevância para as contas do campeonato ou em termos de títulos, mas sim porque foi a primeira de André Villas-Boas após ter sido eleito presidente do clube azul e branco e a última de Pinto da Costa sentado na cadeira destinada ao líder, 42 anos depois.

O jogo explicado - como estragar uma exibição (quase) perfeita

Reza a lenda que no melhor pano cai nódoa e o FC Porto sujou-se mesmo no final do encontro. Foram 86 minutos de uma exibição completa a todos os níveis, manchada por duas desatenções quase consecutivas, que embora não tenham custado nada de sério aos dragões, estragaram um dos melhores jogos da equipa de Sérgio Conceição na temporada 2023/24.

Os dois treinadores proporcionaram algumas surpresas nos onzes iniciais, como a estreia a titular de Martim Fernandes - já lá vamos - ou a condição de suplente de Gyokeres, fazendo prever um jogo interessante e fora das rotinas que esta época nos tem habituado.

O FC Porto teve mesmo uma entrada de dragão, que sucedeu uma sentida homenagem a Pinto da Costa por parte de todo o estádio, e não demorou a inaugurar o marcador: Franco Israel teve um passe desastrado, que Francisco Conceição colheu, antes de confiar a Pepê a missão de isolar Evanilson com mestria. Já dentro da área, o avançado não tremeu e deixou o Dragão em festa, logo aos 7 minutos.

O golo não abrandou as ambições portistas, tendo inclusive aumentado muito o ritmo já frenético da partida. As equipas surgiram sem medo de arriscar e desdobravam-se em lances ofensivos de categoria, com uma maior acutilância portista, que contrastava com o jogo mais apoiado da turma leonina, motivada pela falta da profundidade que Gyokeres costuma dar.

Com ou sem bola, os dragões estavam no comando das operações e voltaram a celebrar no primeiro tempo, curiosamente logo após a segunda homenagem da noite ao agora ex-presidente, ao minuto 42 (o mesmo número de anos que Pinto da Costa presidiu o clube). O jovem Martim Fernandes, que esteve irrepreensível, iniciou uma correria desenfreada pela ala, deitou Hjulmand e fez um passe tenso que deixou Pepê à mercê do golo, sendo que o brasileiro só teve de escolher o lado para honrar a grande jogada do lateral direito que promete ser um caso sério no futuro.

A vantagem era justa e Amorim sentiu que era preciso dar algo mais á equipa, tendo lançado Gyokeres de imediato na partida, além de Eduardo Quaresma que substituiu um St. Juste que estava a perder o controlo emocional e viu um segundo cartão amarelo perdoado por Nuno Almeida.

A partir daí sentiu-se a diferença no jogo. O Sporting passou a assumir as despesas ofensivas, também porque o FC Porto baixou o bloco para aproveitar o espaço deixado nas costas da defesa leonina através de saídas rápidas para o ataque, e o jogo tornou-se mais lento. Os dragões queriam conservar a vantagem, embora nunca tenham deixado de olhar para a baliza leonina, mas o adversário queria reentrar no jogo à força toda.

O passar dos minutos foi quebrando a desconcentração portista e o inevitável Gyokeres surgiu, quase do nada: Coates lançou Nuno Santos na esquerda com um belo passe e o ala cruzou milimetricamente para um cabeceamento certeiro do sueco, que nem sequer festejou muito.

Era hora de acordar, mas o despertador não tocou e o FC Porto voltou a sofrer: Catamo recuperou a bola e encontrou Marcus Edwards, que soltou a sua magia encontrando Gyokeres novamente e o avançado só teve de encostar para a explosão de alegria pintada a verde, contrastando a desilusão azul.

Estes dois erros estragaram uma exibição quase perfeita dos dragões e é mesmo caso para dizer "e tudo Gyokeres levou".

O momento - O golpe do sueco silenciou o Dragão

Inevitavelmente o segundo golo de Gyokeres é o momento decisivo da partida. Provavelmente os sportinguistas já não acreditavam que fosse possível levar pontos do Dragão, mas o sueco tinha uma opinião contrária e mostrou faro de ponta de lança para surgir no sítio certo e carimbar o empate. Ele corre, vai ao choque, remata bem, tem técnica e também sabe onde a bola vai cair. É daqueles jogadores que não engana e a nossa Liga começa a ficar pequena para ele.

O melhor - Por esta ninguém esperava

E se alguém lhe dissesse, caro leitor, que se ia estrear no Estádio do Dragão aos 18 anos e com uma exibição perfeita? Este é o caso de Martim Fernandes, que tem jogado pela equipa B do FC Porto mas demonstrou ter estofo para muito mais. Foi chamado à titularidade por Sérgio Conceição e mostrou competência a todos os níveis. Defensivamente não cometeu um erro e nem o possante Gyokeres o atemorizou. Ganhou quase todos os duelos, além de ter acrescentado uma qualidade ofensiva incomum num jogador tão jovem. A assistência é qualquer coisa, mas mesmo sem ela era figura de destaque e os dragões têm uma bela solução para a lateral direita nos próximos anos.

O pior - Esteve presente e pouco mais

O futebol é injusto e baseia-se muito no momento. Dito isto, Daniel Bragança foi vítima desta velha máxima, uma vez que até estava numa boa fase, mas viu-se engolido pelo meio-campo azul e branco. O médio não conseguiu ajudar defensivamente a segurar o trabalho entre linhas de Pepê e ofensivamente não esteve nos melhores dias. Foi substituído ao intervalo e pouco se viu nos primeiros 45 minutos. É claramente um grande jogador com a bola no pé, mas enquanto não aliar a essa capacidade a intensidade no trabalho defensivo, não poderá ser peça fundamental neste meio-campo a dois.

O que disseram os treinadores

Sérgio Conceição, do FC Porto: "Esta é um bocado a imagem da época. Jogadores fizeram um jogo positivo em que podiam ter goleado e acabaram empatados"

Ruben Amorim, do Sporting: Penso que foi um bocadinho melhor o resultado que a exibição. A exibição não foi brilhante mas fica o resultado"

Veja o resumo do FC Porto-Sporting:
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