www.publico.ptpublico.pt - 1 mai. 05:00

Cartas ao director

Cartas ao director

Guerra colonial

Como leitor habitual do jornal, quero manifestar apoio ao autor da carta que publicaram ontem: “Indemnizar, sim, os antigos combatentes”. Cumpri serviço militar obrigatório durante três anos e meio em Santarém e Santa Margarida. Passados dez anos, fui convocado para o curso de promoção a capitão e enviado como comandante de companhia para a Guiné, onde estive só ano e meio em vez dos até três anos, no caso específico da Guiné, porque o 25 de Abril aconteceu. Quero acrescentar que gostava de saber (por não encontrar literatura sobre o assunto, quer literária, quer estatística) quantos mortos por suicídio (por quebra das ligações amorosas ou conjugais, por ex.), quantos por acidente (por mina, real e não qualquer outra categoria que dava jeito nos comunicados do regime), quantos divórcios e separações? Qualquer estudo sobre os impactos e consequências no tecido social da época. Mas que houve muitos de cada, lá isso houve. Mas é só a percepção de um velho sobrevivente.

João Carlos Messias, Algés

A História e o movimento woke

O movimento woke, que nasceu entre estudantes americanos, não sabe contextualizar a História. Derruba estátuas, porque são contra a escravatura, e até a estátua de Abraham Lincoln, que deu a sua vida pelos direitos civis, foi danificada, porque viveu num tempo de escravatura. Por cá, quiseram destruir a estátua do Padre António Vieira, ignorando que foi o maior defensor dos indígenas. Este movimento é de um fanatismo troglodita, próprio da extrema-direita. Concebe as conquistas de direitos como privilégios entregues por boas pessoas, esquecendo a luta que por eles foi travada. O conceito de justiça que apregoa faz lembrar a admoestação de Platão na República: “Parem de falar como falam da Justiça. Estão a tentar enganar-vos. A justiça, nas pessoas fortes, é um instrumento para convencer pessoas mais fracas a ouvi-las quando, na verdade, estão apenas a levá-las como ovelhas até ao matadouro.”

Tudo o que no passado foi de mau ser marcado como um defeito de que somos culpados e temos de reparar é a orientação do movimento woke, que parece ser seguido pelo Presidente da República. O que fizeram os nossos antepassados só a eles diz respeito. Houve coisas muito más, mas também muito do progresso desses povos se deve aos colonizadores. Lembro, por exemplo, os colégios que o padre Malagrida criou no Brasil. Não se pode entender a História de forma descontextualizada. Immanuel Kant, a quem devemos o Iluminismo que preconizou os direitos humanos, teve concepções sobre a mulher que, hoje, abominamos. Se reduzirmos Kant ao seu entendimento das mulheres, nunca perceberemos o seu papel na configuração da modernidade!

João Magalhães, Marco de Canaveses

A derrota de Pinto da Costa, o vitorioso

Não é hoje o momento de se pôr em letras de ouro a biografia do homem cuja vida (cheia de vitórias) se confunde com o último meio século (imortal, deveras) do FC Porto. Agora, pelo contrário, trata-se de registar a implume derrota — eleitoral — do maior dirigente desportivo de sempre (à luz dos títulos ganhos) de todo o planeta. Ao cabo de 42 anos de presidência (…), eis que Pinto da Costa deixa de ser oficialmente, para alívio de muitos e raiva de poucos, o que já não era realmente: o mais amado dos portistas. Após a ressaca dos votos que lhe ditaram a sorte dos vencidos, talvez se interrogue, qual Hamlet momentâneo, sobre o seu futuro: “Já não sou quem fui… Como hei-de ser o que nunca tinha sido?” Indubitável, no entanto, é o seu legado esmagador: são mais de mil e trezentos troféus a brilhar — no museu que há de ter o seu nome.

Eurico de Carvalho, Vila do Conde

PÚBLICO Errou

Na edição de ontem, uma notícia sobre os vencedores do concurso Vamos Fazer Um Plano, iniciativa do Plano Nacional das Artes e do PÚBLICO na Escola, foi acompanhada por uma caixa com os nomes dos vencedores da edição do ano passado e não com os deste ano. Aos leitores e aos visados, as nossas desculpas. A lista correcta dos trabalhos vencedores é: “As Heroínas Esquecidas”, por uma aluna do 11.º ano da Escola Portuguesa de Díli, Timor-Leste; “Capão à Freamunde, Uma Tradição Gastronómica e Cultural com História e Reconhecimento”, por uma aluna do 11.º D do Agrupamento de Escolas D. António Taipa, Freamunde, Paços de Ferreira; “Inclusão e Sustentabilidade pelas Artes”, por um grupo de alunos do 1.º ano de Cursos Profissionais do Conservatório — Escola das Artes da Madeira Eng.º Luiz Peter Clode; “Notícias d’Olhão”, por um grupo de alunos do 9.º E do Agrupamento de Escolas Dr. Alberto Iria, Olhão; e “O Plano de Começar pelo Princípio... os mais Novos”, por um grupo de alunas do 8.º E, do Agrupamento de Escolas de Alcochete.

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