expresso.ptexpresso.pt - 3 mai. 16:58

Novo terminal de autocarros de Cascais inaugurado a 30 de junho

Novo terminal de autocarros de Cascais inaugurado a 30 de junho

Mudança do local de paragem dos autocarros no centro da vila será acompanhada de mudanças importantes nos sentidos de trânsito para tentar resolver engarrafamentos e aumentar espaços pedonais. Criação de faixa especial para transporte público na A5 aguarda pelo Governo

O novo terminal de autocarros de Cascais que está neste momento a ser construído e substituirá o que fica atualmente por baixo do centro comercial Cascais Villa tem data de inauguração prevista para 30 de junho. Está localizado à frente do atual e, além da cobertura para abrigar os passageiros – que vai substituir os primeiros abrigos que foram colocados e que se revelaram insuficientes – contempla também um espaço de apoio aos motoristas e para as casas de banho. A sua abertura vai levar a mudanças nos sentidos do trânsito na entrada e saída de Cascais pela avenida Marginal. O objetivo é aliviar o fluxo de trânsito e criar uma nova praça pedonal que ligue a zona onde se encontra o centro comercial Cascais Villa ao centro.

É mais uma peça na estratégia de requalificação desta entrada na vila, que procura também resolver os problemas de trânsito que se fazem sentir nas chamadas horas de ponta e que, conjugada com outras infraestruturas de transportes, pretendem melhorar a mobilidade neste concelho da região de Lisboa.

O novo terminal de autocarros ficará apenas para os autocarros que servem as ligações no concelho, explica Nuno Piteira Lopes, vice-presidente da câmara de Cascais. Tal levará a que os autocarros de longo curso, que chegaram a funcionar no atual terminal, se mantenham em Alcoitão, para onde foram transferidos. “Trata-se de uma opção relacionada com a gestão operacional, que não tem a ver com a dimensão do terminal”, afirma.

“A entrada de Cascais era como se estivéssemos a entrar nas casas pelas traseiras. O espaço estava completamente desqualificado e por isso avançámos com este processo de requalificação, que passa basicamente por três intervenções”, explica o presidente da câmara, Carlos Carreiras. Uma é o espaço do Auchan, com uma loja nova e um conjunto de edifícios residenciais (praticamente concluída); outra tem a ver com um conjunto de casas devolutas na Avenida de Sintra em terrenos de três proprietários que passaram entretanto a dois porque um deles comprou o terreno de outro. Ali deverá nascer um novo projeto residencial fronteiro ao novo terminal, que fica num espaço cedido pelos donos dos terrenos. “No âmbito do projeto previsto para a zona das casas devolutas, os proprietários têm de fazer cedências de terrenos e já antecipámos isso com a construção do terminal”. E depois há o projeto do Cascais Villa: “O centro comercial vai abaixo e dará origem a uma intervenção do arquiteto Norman Foster, que está a ser apreciada na câmara”, adianta.

“O novo projeto prevê dois edifícios completamente fragmentados com uma zona pedonal no meio, com uma praça e esplanadas”, explica o presidente da câmara, referindo que o objetivo destas mudanças “é expandir o centro da vila”. Dali chegar-se-á por uma zona pedonal ao centro na medida em que haverá uma parte da avenida 25 de abril que fechará ao trânsito. A avenida Dom Pedro I, que passa à frente do Cascais Villa e do mercado de Cascais, tem atualmente apenas um sentido, de Lisboa para Cascais, mas passará agora a ter dois, com duas faixas para cada lado. E os automóveis que vêm no sentido Cascais-Lisboa, vindos da avenida 25 de abril, passarão a aceder ao centro da vila contornando o novo projeto residencial que substituirá o Cascais Villa. Haverá um reforço do estacionamento nos novos projetos em curso ou anunciados para aquela zona – serão no total mais cerca de 2000 lugares para estacionar -, com isso procurando evitar-se o fluxo de trânsito que ali se faz sentir sobretudo nas horas de ponta.

“Quem desce a 25 de Abril deixa de ter uma ligação à rotunda Sá Carneiro. O trânsito passar-se-á fazer em ambos os sentidos em frente ao mercado de Cascais na Avenida Dom Pedro. São duas faixas descendentes e duas ascendentes e vai nascer no âmbito do projeto novo do Cascais Villa uma quinta via, uma via segregada, que dará acesso à saída e à entrada para o parque de estacionamento do condomínio e do comércio que ali vão nascer e onde a câmara vai ter 220 lugares”, explica Nuno Piteira Lopes.

Atualmente a entrada na vila de quem vem de Lisboa pela Avenida Marginal é feita na Avenida Dom Pedro, frente ao centro comercial Cascais Villa e ao mercado. Agora passará a ser feita até ao fim da marginal, pois passa a haver dois sentidos também aí.

Com isto haverá um troço da avenida 25 de abril que fechará ao trânsito. “Vai ser uma grande praça pedonal onde vão ser deixadas duas vias basicamente de emergência, mas que vão servir também para os autocarros de turismo pararem para largar passageiros”, explica o vice-presidente da câmara.

Haverá também ali “semaforização inteligente e com videovigilância”, o que significa que se houver muitas pessoas para atravessar a passadeira o sinal vai ficar vermelho mais tempo para os carros de forma a dar tempo para as pessoas passarem todas, ao mesmo tempo que evita que haja carros parados sem haver ninguém para atravessar. Os semáforos vão ter ligação a todos os autocarros e assim o sinal obrigatoriamente vai ter de abrir para os autocarros passarem e terem prioridade sobre todos os outros veículos. Estamos convencidos que com estas alterações que são profundas, se vai minimizar muito os problemas de grande fluxo de trânsito que, por norma, ocorrem entre as 8h45 e as 9h15 e entre as 17h e as 18h”, adianta.

Espaço para transporte público na A5 aguarda pelo Governo

Com o novo terminal pretende-se escoar mais facilmente a oferta de autocarros que teve um aumento expressivo em 2020 com o lançamento de um serviço gratuito de transporte intra-municipal que se conjuga com as ligações aos concelhos de Sintra e Oeiras asseguradas através da Carris Metropolitana pela empresa Viação Alvorada, uma parceria entre a brasileira Scotturb e o grupo Barraqueiro, propriedade do empresário Humberto Pedrosa. O diferendo entre a Scotturb e a câmara municipal por causa do concurso dos autocarros gratuitos, que foi ganho em tribunal pela empresa, foi entretanto resolvido. A Scotturb vai juntar-se ao vencedor do concurso, a empresa espanhola Martin, que assegura o serviço desde o seu lançamento, e juntamente com o grupo Barraqueiro, farão a gestão da operação. De 2019 a 2023 o número de passageiros registou um aumento de 30%, para 9,9 milhões de passageiros.

A abordagem da autarquia à mobilidade passa também por descongestionar as estradas do concelho com a criação de uma faixa especial para transportes públicos na A5, a autoestrada que liga Cascais a Lisboa. O projeto BRT, como é conhecido, que vem da expressão inglesa Bus ‘rapid transit’, tem vindo a marcar passo porque falta ser feita a análise ao projeto de forma a conciliar todos os interesses. “Está tudo estudado, quer por Cascais quer por Lisboa, Oeiras acabará por ter pouca intervenção. Falámos com António Costa e com Fernando Medina quando eram presidentes da câmara de Lisboa, fui com o nosso estudo falar com Fernando Medina e ele disse-me que eles também já tinham feito um em Lisboa, comparámo-los e eram praticamente iguais. Para Cascais, a grande vantagem deste projeto é que toda a população que está a norte da autoestrada passa a ter a possibilidade de ir rapidamente para Lisboa em vez de vir para baixo apanhar o comboio”.

Carlos Carreiras, presidente da câmara municipal de Cascais ANTONIO P FERREIRA

“Trata-se de um canal próprio, o termo técnico é transporte público em espaço dedicado, com uma faixa nos dois sentidos, Cascais-Lisboa e Lisboa-Cascais. A Brisa diz que faz tudo mas quer o aumento da concessão e o Governo anterior disse que não quer evoluir para já para o aumento do prazo da concessão porque ainda há obras no âmbito desta concessão que tiveram trabalhos a menos, pelo que defendeu que os trabalhos a menos deviam ser abatidos ao valor do investimento, ao fim e ao cabo transferindo os trabalhos que foram feitos a menos para esta nova solução e depois logo se veria qual é que é o contrabalanço dessas contas todas. Isto não depende do ministério das Infraestruturas e sim do Ministério das Finanças. Os anteriores ministros das Finanças acabaram por não criar uma comissão para poder analisar estas contas. Será um dos fatores que irei ver junto do novo governo para que isto possa evoluir. Estamos todos de acordo, apenas falta nomear essa comissão”.

Em setembro o presidente da Brisa, Pires de Lima, tinha-se queixado em entrevista ao Expresso do tempo que o processo está a demorar, referindo que o impasse dos investimentos na autoestrada se deve em parte à Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos (UTAP), entidade tutelada pelo Ministério das Finanças, e que lidera a comissão que tem de avaliar o projeto e revisitar o contrato de concessão da Brisa.

No lote dos investimentos está também uma nova ligação à A5 perto do aeroporto de Tires no âmbito do desenvolvimento projetado para esta infraestrutura.

João Carlos Santos

O novo ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, conhece bem as questões de mobilidade que se levantam em Cascais mas a autarquia não espera ter qualquer tratamento especial da parte do novo governo. Carlos Carreiras mostra-se convicto que “não é por o novo ministro das Infraestruturas ter sido vice-presidente da câmara de Cascais que haverá um relacionamento diferente com a câmara”. O autarca chegou a elogiar algumas vezes o atual líder do PS quando Pedro Nuno Santos foi ministro das Infraestruturas, por causa do compromisso de investir na linha de Cascais.

“Para Cascais a linha de comboios é estratégica. Fui enganado por vários governos, até por ministros do PSD, e quando me sentei com Pedro Nuno Santos estabelecemos um objetivo e ele garantiu e cumpriu tudo aquilo tinha acordado comigo, que é o que está a ser realizado na linha de Cascais: vão ser atualizados os sistemas, o que é essencial porque como já não se fabricam carruagens para este tipo de linha, as carruagens que atualmente estão a circular são canibalizadas, ou seja, avaria uma e tem de se ir buscar peças a outras para que a que avariou funcione, o que tem levado a que cada vez haja menos carruagens com a certeza de que no tempo ficaria comprometida a própria linha. Neste momento a intervenção na linha está a decorrer, começou do Cais do Sodré a Algés e agora está de Oeiras a Cascais. Aumenta a segurança de circulação e também já estão adjudicados os novos comboios”.

A autarquia chegou a defender que a linha de Cascais fosse concessionada a privados, mas entretanto diz que já não há essa necessidade porque os investimentos que pretendia que fossem feitos no serviço ferroviário estão em curso. “A concessão a privados do serviço da linha de Cascais colocou-se há algum tempo porque não havia outra forma de financiar a intervenção que tinha de ser feita. O Estado só investia nos carris mas não tinha de investir nas carruagens. Foi encontrada uma solução diferente, a nossa posição à época e a posição atual tem uma premissa que é: ‘Não me interessa para onde vão, o que preciso é que a linha de Cascais tenha as intervenções necessárias’. Não fazíamos nenhum finca pé, o que queríamos era prestar um serviço melhor, com mais segurança, com mais frequências de trajetos para a população”.

Agora, mesmo que fossem definidas outras prioridades, “já não há grandes hipóteses de recuo”, adianta, uma vez que a obra está em curso. A não ser na contestação do concurso de compra de 117 comboios, 34 dos quais para Cascais, para substituir a atual frota, que é das mais antigas do país. O concurso foi lançado, foi encontrado um vencedor, a francesa Alstom conjugada com a portuguesa DST, mas os dois candidatos derrotados, a suíça Stadler e a espanhola CAF, recorreram, o que está a atrasar o processo: “é um mal nacional, em qualquer concurso que se faça o segundo ou terceiro candidatos contestam e atrasam o processo”.

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