expresso.ptexpresso.pt - 3 mai. 21:27

Mais de dois mil manifestantes pró-Palestina detidos em universidades americanas: confrontos com a polícia estão a aumentar

Mais de dois mil manifestantes pró-Palestina detidos em universidades americanas: confrontos com a polícia estão a aumentar

Crescem os tumultos nas universidades dos Estados Unidos entre os estudantes pró-palestinianos, que protestam contra a posição da Casa Branca a favor de Israel, e as autoridades policiais. Em pleno ano eleitoral, os republicanos tentam usar as manifestações como arma de campanha

Mais de duas mil pessoas já foram presas nos protestos pró-Palestina em universidades americanas. Os confrontos com a polícia têm aumentado à medida que as autoridades — às vezes a pedido das próprias instituições de Ensino Superior — ordenam aos manifestantes que removam os acampamentos erguidos nos campus. O assunto está também a ser um foco de tensão entre democratas e republicanos, a meses das eleições presidenciais que voltam a opor Joe Biden a Donald Trump.

Agentes da polícia de Nova Iorque detêm manifestantes pró-palestinianos na Universidade de Columbia Selcuk Acar/Anadolu/Getty Images

EUA

Luta nas universidades americanas contra o “estado policial” e o antissemitismo

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Quais os motivos dos protestos?

As manifestações por uma Palestina livre aumentaram desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, há sete meses, que fez mais de 24 mil mortos na Faixa de Gaza e mergulhou o enclave numa grave crise humanitária.

Apesar da ajuda que têm prestado a Gaza, os Estados Unidos são um aliado conhecido de Israel. Ainda na semana passada o Senado aprovou um projeto de lei que prevê cerca de 24,3 mil milhões de euros para Israel e 9,4 mil milhões em assistência humanitária a Gaza. Há poucas semanas, os EUA vetaram a adesão plena da Palestina à ONU, que seria o primeiro passo para ser oficialmente reconhecida como um Estado.

O descontentamento face à posição de Washington a favor de Telavive alastrou-se ao seio universitário, com os manifestantes a apelarem às instituições para deixarem de fazer negócios com Israel e se desvincularem de empresas que apoiam o governo de Benjamin Netanyahu.

Estudantes pró-palestinianos ocuparam um relvado no campus da Universidade de Columbia, em Nova Iorque Andrew Lichtenstein As manifestações têm sido violentas?

Embora os organizadores das manifestações se considerem um movimento pacífico para defender os direitos palestinianos e opor-se à agressão israelita, alguns foram apanhados a fazer comentários antissemitas ou ameaças violentas contra judeus.

Os confrontos com a polícia têm aumentado nos últimos dias. Só na noite desta quarta-feira e na manhã de quinta foram detidos mais de 300 estudantes, a esmagadora maioria (mais de 200) na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e mais de 90 no Dartmouth College, em New Hampshire.

Na UCLA, dezenas de polícias com equipamento antimotim avançaram sobre uma multidão de manifestantes. Os agentes removeram barricadas e começaram a desmantelar acampamentos fortificados. Centenas de pessoas, entre alunos e ativistas, desafiaram a ordem de dispersão e formaram correntes humanas, enquanto a polícia disparava granadas de atordoamento sobre eles.

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Equipamento de choque, capacetes, máscaras de gás e braçadeiras foram utilizados durante as detenções. Alguns dos manifestantes ajoelharam-se no chão, com os braços amarrados nas costas enquanto eram aprisionados.

A Universidade de Columbia, em Nova Iorque, foi palco de outro evento violento, na noite de terça-feira. A própria instituição chamou as autoridades para conter a agitação: a polícia acabou por invadir um edifício ocupado, o Hamilton Hall, e interromper um protesto que tinha paralisado as aulas. Entre 30 a 40 estudantes foram detidos.

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Desde o ataque do Hamas, a 7 de outubro, ocorreram mais de mil incidentes antissemitas nas universidades americanas, de acordo com a Liga Antidifamação, uma organização não-governamental judaica sediada em Nova Iorque. Trata-se de um aumento de 700% face ao mesmo período do ano anterior.

Como se posiciona Biden?

O Presidente norte-americano quebrou o silêncio após o incidente na UCLA. “Destruir propriedades não é um protesto pacífico. É contra a lei. Vandalismo, invasão de propriedade, partir janelas, encerrar os campus, forçar o cancelamento de aulas e de formaturas — nada disto é um protesto pacífico. Existe o direito de protestar, não o de causar o caos”, advertiu Joe Biden nesta quinta-feira, a partir da Casa Branca.

Depois de ter sido criticado por vários congressistas republicanos por ter demorado a pronunciar-se sobre o tema, Biden lembrou que “este não é um momento para política, é um momento para clareza” e descartou que as manifestações fossem utilizadas como uma arma de campanha eleitoral.

Apesar da pressão dos universitários, o chefe de Estado norte-americano deu a entender que não vai mudar a abordagem face a Israel e à guerra na Faixa de Gaza. Biden vai tentar conquistar um segundo mandato nas presidenciais de novembro, e o voto jovem é um pilar importante do seu eleitorado.

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel durante um encontro com o Presidente norte-americano, Joe Biden Debbi Hill - Pool/Getty Images E Trump o que diz?

Donald Trump, que será à partida o principal rival de Biden, referiu-se aos manifestantes como “lunáticos da esquerda radical” que “têm de ser travados”. Numa entrevista à televisão Fox News na quarta-feira, o republicano aproveitou para elogiar a atuação da polícia: “Fizeram um bom trabalho em Columbia e na UCLA. Estou muito orgulhoso”.

Os republicanos têm questionado a forma como a Casa Branca tem “permitido” a proliferação dos protestos pró-Palestina, que os conservadores consideram que estão ao serviço de causas antissemitas.

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