Observador - 13 set. 00:12
Parcerias Família, Escola e Comunidade
Parcerias Família, Escola e Comunidade
A educação é um desafio onde a escola e a família ocupam um lugar privilegiado e insubstituível. A cada uma delas competem responsabilidades próprias, que devem exercer em cooperação mútua.
O início de um novo ano letivo é uma excelente oportunidade para refletirmos sobre a importância das Parcerias Família, Escola e Comunidade, essenciais para ajudar a promover o desenvolvimento social, emocional, físico e intelectual de crianças e de adolescentes. Estas parcerias devem ser construídas através de interações colaborativas envolvendo toda a comunidade escolar: alunos, famílias e profissionais da educação.
A colaboração ativa das famílias no processo educativo dos seus filhos (em casa, na escola, na comunidade) e, nomeadamente, a comunicação positiva e eficaz entre a família e a escola é imprescindível para a promoção do seu sucesso escolar e social.
As relações entre a escola e a família devem estabelecer-se de forma positiva, numa relação de proximidade e de confiança, construindo espaços de diálogo e comunicação, de forma a que todos se conheçam e, partindo desse conhecimento, possam construir vínculos entre si numa parceria eficaz.
Não obstante, em algumas escolas, existe uma comunicação com a Família exclusivamente apenas centrada nas dificuldades do aluno, e nos seus aspetos mais negativos, ao nível do comportamento (e.g. quando se porta mal) e da aprendizagem (e.g. quando tem insucesso), colocando, muitas vezes, as famílias apenas num papel de espetadores, numa atitude passiva e não como reais parceiros.
É muito importante que os profissionais da educação da escola, possam pensar sobre as práticas pedagógicas e comunicativas entre a Escola e a Família que são concretizadas. Esta reflexão deveria considerar a necessidade de implementar modos de relação que permitam compreender as singularidades de cada aluno e seu respetivo ambiente familiar, nomeadamente, através de reuniões individuais entre os professores e os pais. Estes podem ser momentos de partilha dos progressos e dificuldades do aluno, mas também das competências das famílias e de como estas podem apoiar os filhos na resposta às suas necessidades ou a ultrapassar dificuldades mais específicas. Devem também ser momentos de partilha dos percursos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos, permitindo que as famílias tenham um maior conhecimento sobre o que se passa com as suas crianças e adolescentes na escola.
O envolvimento dos pais na escola dos filhos implica que se promovam atividades que estimulem ou facilitem o intercâmbio entre a escola e as famílias, que permita trocar experiências e aumentar a autoestima e autoconfiança dos pais, dando-lhes segurança no seu papel de primeiros educadores. Desta maneira, sentir-se-ão mais reforçados, fortes e motivados para se envolverem nos processos de formação dos seus filhos.
São exemplos destas atividades:
a) a adoção de formas eficazes de comunicação entre a escola e a família, que podem ocorrer de diferentes formas, de maneira a chegar a todas as famílias, organizadas para partilhar informações, resolver problemas e festejar conquistas e sucessos dos filhos, como, por exemplo, usando cartas, mensagens de emails, SMS ou WhatsApp, telefonemas, fóruns em sítios da internet, caderneta escolar, reuniões individuais e coletivas, folhetos informativos, bilhetes, palestras;
b) ações para a valorização da parceria ativa entre os pais e a escola, em atividades promovidas pela escola, no espaço escolar, como por exemplo, festas, exposições, comemorações e outras ações com o objetivo da melhoria do espaço e equipamentos escolar, do apoio ao funcionamento da biblioteca e da salas de estudo, da supervisão dos recreios, construção de hortas pedagógicas, da organização dos tempos livres e das atividades desportivas, de participação dos pais na sala de aula, nomeadamente para falarem sobre as suas profissões, contar histórias, fazer cozinhados;
c) iniciativas para a valorização da parceria ativa entre os pais, no espaço familiar, como por exemplo, apoio recíproco dos pais para participar nas atividades escolares dos filhos, organização conjunta de festas de aniversário e compra de uma prenda comum, acolhimento dos colegas dos filhos em casa, ao final do dia ou fim de semana, partilha das deslocações para a escola e para casa a pé (“Pedibus”) ou de bicicleta;
d) parcerias através do envolvimento nos processos de tomada de decisão sobre a dinâmica educativa da escola, como por exemplo, a participação de representantes dos pais na assembleia de escola, no conselho pedagógico, junto do conselho de turma, estratégias que estão prevista na legislação em vigor, e ajudando os pais a organizarem-se na constituição e dinamização de associações de pais e na promoção de ações para promover a reflexão sobre a escola e a vida escolar e as suas possibilidades de melhoria;
e) parcerias com a comunidade próxima, numa colaboração em rede, que promova o suporte mútuo de diferentes instituições, recursos e serviços, integrando-os no processo escolar e nas práticas familiares, como por exemplo, as atividades recreativas e de tempos livres, desportivas, culturais, musicais, artísticas, religiosas, acontecimentos culturais, serviços disponíveis de saúde e sociais; atividades que diluam os muros e as barreiras que separam o espaço da escola da sua envolvência e promovam participação plena de todos os membros da escola na vida social da comunidade e vice-versa.
A educação é um desafio onde a escola e a família ocupam um lugar privilegiado e insubstituível. A cada uma delas competem responsabilidades próprias, exigindo-se-lhes que assumam os seus papéis numa linha de cooperação mútua, integrando de maneira positiva as normais diferenças culturais nas relações de diálogo e na ação educativa, considerando o objetivo do êxito do percurso educativo das crianças e dos adolescentes.