www.publico.ptpublico.pt - 12 set. 05:30

Cartas ao director

Cartas ao director

Amílcar Cabral

Amílcar Cabral nasceu em 12 de Setembro de 1924. Figura destacada dos movimentos de libertação das colónias portuguesas de África. Fundador do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Amílcar Cabral não foi apenas um organizador deste movimento de libertação, foi também um grande estudioso das consequências da colonização dos povos africanos. Estudou e denunciou a exploração extrema pelos europeus e, neste caso, pelo colonialismo português: a escravatura, o trabalho forçado, a servidão, a repressão, o roubo das terras, a degradação social. Além disso, foi também um lutador anti-racista. Disse sempre que a luta pela libertação não era contra o povo português. Esteve sempre do lado do povo português contra o fascismo, o colonialismo e a guerra. Os dirigentes dos movimentos de libertação das colónias portuguesas só pegaram em armas depois de esgotarem todos os meios de diálogo para alterar a situação de exploração extrema e repressão dos povos africanos pelo colonialismo português. Homens como Amílcar Cabral não morrem, ficarão para sempre na memória dos povos.

Mário Pires Miguel, Reboleira

Um país de "Capacidónios"

Sendo velho, mas ainda capaz e idóneo, é com tristeza que vou acompanhando os recentes e lamentáveis episódios de descrédito estatal que se acumulam há quase nove séculos e que, salvo poucos casos de competência, são a imagem perfeita da actuação inata da maioria dos governantes que temos tido, cuja vocação para isso, e à semelhança do “bacoco” D. Pedro III, deixa muito a desejar. No fundo, uns papalvos feitos da mesma massa que eu.

Não quero bater no ceguinho”, mas são uma sucessão de situações tão graves, embora algo ridículas, que metem dó as explicações que são dadas sobre o assunto. E custa-me também saber que ainda há muitos portugueses que se orgulham de um passado supostamente glorioso. Que não foi mais do que a expressão terrível do legado genético pirata e lusitano que possuíamos e que as condições da época permitiram – e durante um período bem negro da História da Humanidade, para o qual não existe forma de reparar. Por isso, compreendo os espanhóis – que não eram melhores – quando se congratulam por se terem livrado definitivamente de nós em 1640 e só acrescento uma afirmação pessoal que alivia a carga desabonatória que transmito sobre a nossa inépcia governativa: já que é impossível anular o Tratado de Zamora, ainda bem que eles não abdicaram da posse de Tânger!

Celerino Dias, Viana do Castelo

Leve como o pêlo do cão da TAP

Maria João Marques advoga que tudo se passou bem com a venda da TAP pelo Governo Passos Coelho a Neeleman. Sabe-se que Neeleman trocou os aviões encomendados à Airbus dos A350 para os A330 Neon e foi isso que levou a Airbus a emprestar-lhe dinheiro, ou a alegoria do pêlo do cão. O Governo português estava consciente de que havia troca de aviões? Provavelmente, sim. Provavelmente, não. O Governo português estava consciente de que a troca era favorável à TAP? Provavelmente, sim. Provavelmente, não. Como se assegurou disso? O Governo sabe de aviões? Informou-se junto de quem? Que garantias tinha de que os A330 eram melhores para a TAP? (…) Que garantias tinha de que os preços iam ser justos e que a Airbus não ia empochar uma mais-valia decorrente do empréstimo? (…) O Governo fez tudo na 25.ª hora, é sabido. Como pode uma colunista consagrada fazer um artigo tão leve?

José Elias de Freitas, Lisboa

Mario Draghi, atente ao território

O futuro da Europa acontece se tivermos em conta o que o território nos poderá proporcionar. A evolução das alterações climáticas e as metas descritas no relatório da Comissão Europeia, assinado por Mario Draghi, deixam claro que estamos numa encruzilhada. Como é que poderemos crescer mais do que no tempo do Plano Marshall, se naquele tempo tudo era possível, desde que fosse em pro bono do Estado Social? Actualmente, temos de ter em consideração a questão ambiental. Como vamos ultrapassar esta dimensão para garantir a ambição económica desejada para a UE? Julgo que estamos a ceder perante a esquizofrenia das metas programáticas. O território vai comunicando connosco e vai-nos orientando para aquilo que devemos planear no futuro. Tudo isto é um ciclo, que, por agora, está a pender para a minimização do efeito das alterações climáticas e, por sua vez, para a nossa sobrevivência.

Martinho Rafael Augusto, Porto

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