Miguel Prata Roque - 12 set. 07:01
Tudo (im)preparado para o regresso às aulas
Tudo (im)preparado para o regresso às aulas
Na abertura do ano letivo, há que assumir a responsabilidade pelo (mal) que se fez e pelo que (infelizmente) não se fez. Está provado que o atual governo tem muita garganta, mas pouco o que entregar. Estudem mais. Preparem-se melhor. E passem nos exames
As aulas começam hoje.
Em 24 de julho deste ano, o governo, pela voz do seu Ministro da Educação, esforçava-se por criar a imagem de que o governo anterior tinha aberto 6.000 vagas a mais, dispensáveis e irracionais.
Hoje, na abertura do ano letivo sabe-se que, afinal, o número de alunos e de horários sem professores atribuídos, bem como o número de professores sem escola atribuída estão a aumentar. No final de agosto, havia 19.382 mil professores sem escola. Hoje, há mais de 21 mil.
Só alguém leviano e completamente impreparado desconhece porque é que se abrem mais vagas do que aquelas que resultam da tabela Excel que nos puseram à frente. Quem conhece a sério as escolas públicas do ensino básico e secundário sabe bem que todos os setembros são iguais: aos professores que se aposentam (este ano, até agora, já foram 438!) somam-se aqueles que aguardaram pelo fim das férias escolares para dar entrada de baixa médica e aqueles que não aceitam colocações e horários por não lhes ser possível deslocarem-se ou suportar os custos de habitação dos locais onde foram colocados.
Era suposto que um ministro da Educação soubesse isto.
E, principalmente, era suposto que não fizesse demagogia barata, procurando enlamear o seu antecessor.
Mas também era suposto que quem o lidera não tivesse entrado numa catadupa de declarações demagógicas e oportunistas, enquanto líder de oposição, prometendo tudo a todos.
Agora na pele de primeiro-ministro, desculpa-se, cauteloso, a propósito da falta de professores: “Não vendo ilusões”. (Já perceberam que, afinal, isto vai correr pior do que estavam à espera. Tal como houve mais 40% de urgências hospitalares encerradas do que no ano anterior, também haverá mais alunos sem aulas).
Mas a verdade é que foi feirante durante demasiado tempo.
Ou chumbam no final do ano letivo que agora se inicia.
Senão bem antes disso.